Uma horta solar no Saara para abastecer a Europa
por Enrique Pinto-Coelho, Publicado em 14 de Julho de 2009
Área equivalente ao tamanho de Portugal serve para abastecer o mundo inteiro
"Em seis horas, os desertos recebem mais energia solar que o consumo anual de toda a humanidade." Partindo desta ideia, foi lançado ontem em Munique (Alemanha) um ambicioso plano para desenvolver a energia solar nas próximas décadas.
O projecto tem o apoio da Comissão Europeia e do governo alemão, mas ainda procura financiamento e parceiros para o orçamento descomunal: segundo o Centro Aerospacial Alemão, serão necessários 400 mil milhões de euros para completar o sonho da fundação Desertec, um conglomerado de entidades públicas e privadas liderado pelo Clube de Roma (uma ONG sem fins lucrativos) e a seguradora Munich Re.
Ao todo, 12 companhias assinaram ontem um memorando de entendimento para constituir a Desertec Industrial Initiative (DII) e concluir um plano de investimento até 2012: às germânicas Siemens (tecnologia), E-on (energia) e Deutsche Bank juntaram-se outras como a suíça ABB (engenharia), a argelina Cevital (alimentação) e a espanhola Abengoa (energias alternativas), entre outras.
A DII pretende cobrir 15% da procura energética europeia em 2050, ser o principal fornecedor do Médio Oriente e do Norte de África e ainda utilizar o excesso de energia armazenado para dessalinizar água, um bem cada vez mais escasso. A tecnologia já existe. Tal como a energia solar fotovoltaica, a solar térmica funciona através de painéis que captam a radiação do sol. A principal diferença é que em lugar de converter o sol directamente em electricidade, a solar térmica aquece água ou outro fluido (óleo, por exemplo) a alta temperatura. O vapor resultante move uma turbina, que por sua vez gera energia eléctrica.
No site (www.desertec.org), a fundação esclarece que não pretende construir uma megacentral, mas sim "centenas de centrais solares, integradas numa rede de energias renováveis" (ver infografia nesta página). Os benefícios prometidos são elevados, mas os detractores denunciam os elevados custos da proposta, que pode retirar ajudas para outras tecnologias sustentáveis e prolongar a dependência energética europeia.
Acabar com a dependência "A Europa já importa gás e petróleo, está longe de ser auto-suficiente", recorda Sven Teske, da ONG ambientalista Greenpeace. Ao telefone, Teske explica ao i que o objectivo é "acabar com a dependência dos combustíveis fósseis", e para isso "são necessárias todas as tecnologias".
Outro dos problemas apontados é a instabilidade política dos eventuais países produtores. "[O projecto] servirá para abrir um novo capítulo nas relações entre a Europa, o Médio Oriente e o Norte de África", garante Hassan bin Talal, príncipe da Jordânia e um dos impulsionadores da Desertec.
"Em seis horas, os desertos recebem mais energia solar que o consumo anual de toda a humanidade." Partindo desta ideia, foi lançado ontem em Munique (Alemanha) um ambicioso plano para desenvolver a energia solar nas próximas décadas.
O projecto tem o apoio da Comissão Europeia e do governo alemão, mas ainda procura financiamento e parceiros para o orçamento descomunal: segundo o Centro Aerospacial Alemão, serão necessários 400 mil milhões de euros para completar o sonho da fundação Desertec, um conglomerado de entidades públicas e privadas liderado pelo Clube de Roma (uma ONG sem fins lucrativos) e a seguradora Munich Re.
Ao todo, 12 companhias assinaram ontem um memorando de entendimento para constituir a Desertec Industrial Initiative (DII) e concluir um plano de investimento até 2012: às germânicas Siemens (tecnologia), E-on (energia) e Deutsche Bank juntaram-se outras como a suíça ABB (engenharia), a argelina Cevital (alimentação) e a espanhola Abengoa (energias alternativas), entre outras.
A DII pretende cobrir 15% da procura energética europeia em 2050, ser o principal fornecedor do Médio Oriente e do Norte de África e ainda utilizar o excesso de energia armazenado para dessalinizar água, um bem cada vez mais escasso. A tecnologia já existe. Tal como a energia solar fotovoltaica, a solar térmica funciona através de painéis que captam a radiação do sol. A principal diferença é que em lugar de converter o sol directamente em electricidade, a solar térmica aquece água ou outro fluido (óleo, por exemplo) a alta temperatura. O vapor resultante move uma turbina, que por sua vez gera energia eléctrica.
No site (www.desertec.org), a fundação esclarece que não pretende construir uma megacentral, mas sim "centenas de centrais solares, integradas numa rede de energias renováveis" (ver infografia nesta página). Os benefícios prometidos são elevados, mas os detractores denunciam os elevados custos da proposta, que pode retirar ajudas para outras tecnologias sustentáveis e prolongar a dependência energética europeia.
Acabar com a dependência "A Europa já importa gás e petróleo, está longe de ser auto-suficiente", recorda Sven Teske, da ONG ambientalista Greenpeace. Ao telefone, Teske explica ao i que o objectivo é "acabar com a dependência dos combustíveis fósseis", e para isso "são necessárias todas as tecnologias".
Outro dos problemas apontados é a instabilidade política dos eventuais países produtores. "[O projecto] servirá para abrir um novo capítulo nas relações entre a Europa, o Médio Oriente e o Norte de África", garante Hassan bin Talal, príncipe da Jordânia e um dos impulsionadores da Desertec.