quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Solidariedade dos portugueses com Marta salvou 4 vidas no estrangeiro

Leucemia

Solidariedade dos portugueses com Marta salvou 4 vidas no estrangeiro

11 | 01 | 2010   08.54H

Mais de 13 mil portugueses ofereceram-se para doar medula óssea a Marta, que sofria de leucemia. A menina de cinco anos encontrou um dador compatível em Espanha, mas a solidariedade portuguesa salvou, pelo menos, quatro doentes de outros países.

[Helena Neves, da agência Lusa]

A história de Marta desencadeou uma onda de solidariedade no Facebook e fez crescer o número de pessoas inscritas no Registo Português de Dadores de Medula Óssea, disse à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL).
“O caso da Marta é paradigmático”, sublinhou Duarte Lima, explicando que o caso da menina fez crescer o registo nacional de dadores em cerca de 13 mil pessoas.
Marta acabou por encontrar dois dadores compatíveis no estrangeiro, tendo sido submetida a dois transplantes porque rejeitou o primeiro.
Nenhum dos portugueses que se prontificou a ajudar a menina era compatível com ela. Mas, segundo Duarte Lima, conseguiram ajudar, pelo menos, “quatro doentes no resto do mundo. Isso é muito importante”.
Os vários apelos que têm surgido nas redes sociais e na comunicação social e as campanhas realizadas pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia e pelos Centros de Histocompatibilidade do país têm feito aumentar o número de dadores em Portugal.
Em 2008, havia 142 691 dadores de medula óssea inscritos no registo nacional, número que subiu para 182 485 em 2009, um aumento de quase 40 mil dadores, avançou Duarte Lima.
Relativamente aos transplantes feitos com dadores fora da família do doente, realizaram-se 49 em 2008 e 55 em 2009.
É neste campo que se registam os maiores resultados. Em 2002, o número de transplantes de dadores fora da família do doente foi “de um ou dois e em 2009 foram 55”, observou o presidente da associação.
Apesar destes resultados, Duarte Lima afirmou que as pessoas que trabalham nesta área não podem estar “plenamente satisfeitas” porque ainda há doentes que não encontram dador compatível.
“É preciso que o registo continue a crescer porque o grau de compatibilidade genética entre os seres humanos é muito variado”, disse, lembrando que já se fez pesquisa mundial para doentes e não se encontrou um dador compatível.
Ao longo dos anos tem vindo a mudar o perfil do dador de medula óssea. No início, os dadores eram essencialmente irmãos que doavam a medula óssea na tentativa de salvar o doente.
A partir do momento em que se divulgou a importância da doação de medula óssea como estratégia terapêutica para a cura de algumas variantes de leucemia, houve “uma universalização do número de dadores”.
Quem mais beneficia com este aumento são “os doentes que não têm irmãos, ou não têm irmãos compatíveis, porque permite um universo de pesquisa muito maior”, explicou o responsável.
“Fora da família é possível encontrar um dador compatível, mas é preciso pesquisar num universo muito maior na medida em que, segundo a média estatística, em quatro irmãos existe um irmão compatível”, sustentou.
Duarte Lima lembrou a importância da ligação em rede do registo mundial de dadores, que abrange mais de 30 países e tem cerca de 14 milhões de dadores, ao aumentar ”a probabilidade de se encontrar um dador compatível para o doente”.
Até agora, Portugal já fez doação de células de medula óssea para cerca de 19 países, mas também já recebeu.
“Da mesma maneira que os doentes estrangeiros procuram dadores portugueses, também dadores portugueses que não encontram dador compatível no registo nacional vão a outros registos”, frisou.
Para Duarte Lima, a vantagem das campanhas é “desmistificar a doação de medula óssea” e esclarecer ideias erradas que ainda possam existir, como ser um processo doloroso e perigoso, e desfazer a confusão entre a medula óssea e a espinal-medula, que não pode ser doada.

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