ICE CARE é um movimento da sociedade civil, que pretende tornar visíveis, em tempo real, os efeitos e consequências das alterações climáticas.
Os efeitos do aquecimento global são uma realidade do presente e não do futuro distante. É esta mensagem que, desde 2008, o empresário José Abecasis Soares quer levar ao mundo através da associação Ice Care. Desde aí já foram realizadas três expedições aos glaciares da Suíça, Tanzânia e Peru para apoiar as populações locais a atenuar as consequências das alterações climáticas.
Com a ajuda de investigadores nas áreas de antropologia, engenharia ambiental, geofísica, meteorologia e oceanografia, e depois de consultar um relatório da UNESCO, José Soares planeou a escalada a cinco glaciares que estão a ser severamente atingidos pelas alterações climáticas.
Esta aventura, para a qual todos trabalham num regime "pro bono", começou na Suíça, em 2009, e prevê-se que termine em 2012, no Nepal. O objetivo é documentar as consequências de uma crise ambiental que atinge países que "não são, na maioria das vezes, os responsáveis pelo problema".
"Quando lia nas notícias que, em 2100, Manhattan poderia ficar inundada, isso parecia-me um futuro demasiado distante para me preocupar. Eu não fazia a menor ideia de que o problema já estava a acontecer em alguns locais do planeta. E, tal como eu, imaginei que muitas pessoas também não soubessem. Foi isso que me moveu para visitar esses locais e recolher informação", conta o fundador da Ice Care.
Mas essa fraca consciência ambiental persiste também entre as próprias comunidades que são mais atingidas pelas alterações climáticas, explica José Soares ao Boas Notícias: "No Quénia, por exemplo, [as populações] nem sabiam quais as causas das secas extremas que têm estado a enfrentar. Já no Peru o conhecimento é muito profundo", ressalva.
Por isso, parte do trabalho da equipa Ice Care - na qual se integra o ator brasileiro Marcos Palmeira - passa pela "recolha de informação em fotografia e vídeo de forma a mostrar com clareza aquilo que está a acontecer nesses locais ao mundo ´ocidental´".
Outra vertente essencial consiste em apoiar as populações a combater os efeitos devastadores de décadas de más práticas ambientais. "[Depois de terminadas as cinco expedições planeadas] continuaremos seguramente a trabalhar com os Maasai no Quénia, no sentido de os tornar capazes de enfrentar as secas cada vez mais frequentes e avassaladoras", garante José Soares.
Questionado acerca da possibilidade de reverter os malefícios que o Homem provocou na Natureza, o mentor desta aventura pelo mundo não hesita: "Penso que ninguém pode responder a esta pergunta com 100% de segurança, mas uma coisa é certa: continuar como até aqui é seguir num beco sem saida".