domingo, 6 de setembro de 2009

Covilhã: empresa portuguesa testa em terra painéis solares que os russos usam em satélites

Covilhã: empresa portuguesa testa em terra painéis solares que os russos usam em satélites
in Público.pt, 06.09.2009, Lusa

Painéis solares bifaciais usados em satélites russos estão a ser testados pela primeira vez na Europa, na Covilhã, para produzir electricidade, disse João Serra, director da empresa Enforce.

Para quem os vê parecem painéis iguais a tantos outros. "Mas a diferença é que usam células fotovoltaicas bifaciais produzidas pela empresa russa Solar Wind", referiu.

Ao contrário das convencionais, para além da face que está virada para o Sol estas células também captam energia com a oposta, pela qual recebem toda a luz reflectida, explicou aquele responsável.

João Serra estima que a dupla face das células permita um ganho de 20 por cento em relação aos painéis tradicionais.

O acréscimo pode chegar a 50 por cento se forem instalados em suportes que acompanham o movimento do Sol ao longo do dia, como acontece na central fotovoltaica que a Enforce instalou na freguesia do Ferro para testar a tecnologia, com 100 kilowatt de potência instalada.

"Uma instalação fixa absorve 1500 horas de sol por ano. Numa instalação com seguimento solar o aproveitamento pode chegar a 1800 horas", sublinhou.

"Os nossos cálculos vão agora ser testados ao longo de um ano" na Horta Solar do Ferro, com nove suportes gigantes que movem um total de 468 painéis ao longo do dia, numa área de meio hectare. Na base de cada suporte, a superfície é coberta de cascalho branco, "por forma a aumentar a reflexão captada pelas parte traseira dos painéis".

Segundo João Serra, a empresa russa Solar Wind já terá testado a instalação com espelhos, mas o sobreaquecimento provocado prejudica a durabilidade dos painéis.

Os dados dos testes vão servir para analisar a viabilidade de produzir e comercializar painéis com as células que a Solar Wind levou para o espaço e agora quer usar em terra. A empresa covilhanense é a parceira de testes, para além das experiências que os próprios russos estão a realizar.

Ao mesmo tempo que serve para testar os painéis, a Horta Solar do Ferro está a produzir energia eléctrica capaz de abastecer 30 a 40 casas, consoante a época do ano e a exposição solar. A produção está desde Agosto a ser distribuída pela rede eléctrica pública, graças ao ponto de distribuição ali instalado, que serve de fonte de receita para a Enforce.

"A Horta Solar do Ferro representa um investimento de 700 mil euros, totalmente suportado pela empresa. Foi classificada como projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN) pela vertente de inovação e a vantagem que isso nos trouxe foi a instalação do ponto de distribuição", explicou João Serra.

"O Governo garante a entrada de toda a energia produzida pela central fotovoltaica na rede eléctrica nacional a um preço de 35 cêntimos por kilowatthora, ou seja três vezes superior aos 11 cêntimos cobrado pela EDP ao consumidor final", no âmbito dos incentivos à disseminação de energias renováveis.

O projecto-piloto pretende ser uma mostra viva das potencialidades da energia fotovoltaica.

Entre outras obras, a Enforce projectou a central fotovoltaica de Moura, com 46 megawatt e a de Caniçal, na Madeira com seis megawatt.

A empresa tem oito trabalhadores e está instalada no Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã (Parkurbis), aproveitando a experiência de jovens quadros da região nas áreas da engenharia.

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