terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Hora do Planeta 2010

As expectativas para a Hora do Planeta 2009 eram elevadas, mas foram superadas, e muito, por todo o mundo. Durante uma hora mais de 4 mil cidades, das quais 11 cidades portuguesas, em 88 países, 21 mil empresas e o estrondoso número de 1 200 milhões e pessoas em todo o mundo deram o seu voto ao Planeta.

A Hora do Planeta, considerado o maior movimento voluntário de alerta para as alterações climáticas, conquistou o mundo e moveu inúmeros cidadãos comuns, empresas, governos e organizações civis em torno de uma voz comum que, em 2009, se alargava a Copenhaga, à Cimeira das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, de onde deveria sair um novo acordo climático.

Os olhos estavam postos na cidade dinamarquesa, nos líderes mundiais e num Acordo Climático que fosse ambicioso, justo e realmente eficaz. Os países mais desenvolvidos, de quem se esperava um progresso em acções sustentáveis, minaram este objectivo.

E esta atitude vai ter repercussões no futuro de todos nós!

Mas não é com críticas que mudaremos a situação. É com acções! E acções construtivas e em forma de celebração. Uma celebração por um Planeta Vivo!

O Planeta conta consigo e com milhares de empresas e organizações, para esta lutar para marcar a diferença e fundamentar uma mudança real a favor de um Planeta Vivo!

Una-se à Hora do Planeta 2010 e marque a diferença!


Por isso, JUNTE-SE a nós nesta acção global:

Hora do Planeta! Um apagão por um Planeta Vivo!”

Participe na Hora do Planeta 2010 e ajude-nos a combater as alterações climáticas!
27 Março 2010 – 20H30 às 21H30

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Células estaminais. Hospitais vão ter kits para recolha do sangue do cordão umbilical

Banco público está a desenvolver protocolos com hospitais para facilitar a recolha, sempre e só com autorização dos pais. S. João do Porto, Aveiro e Viana do Castelo avançam em Abril.

i online, por Marta F. Reis, Publicado em 22 de Fevereiro de 2010

As maternidades nacionais vão passar a poder ter kits para fazer a recolha do sangue do cordão umbilical após o parto. O banco público nacional Lusocord já começou a desenvolver protocolos com alguns hospitais, entre eles o Hospital de São João, no Porto, e os hospitais de Aveiro e Viana do Castelo, disse ao i Helena Alves, directora do Centro de Histocompatibilidade do Norte, onde funciona o Lusocord. O objectivo é facilitar as recolhas em todo o país, que até aqui estavam sujeitas a uma solicitação prévia do kit de recolha pelos pais, uma a duas semanas antes da data programada para o parto.

Os primeiros hospitais a aderirem ao serviço deverão começar a fazer as recolhas de forma automática a partir de Abril, mas sempre mediante autorização dos pais, avançou ao i Helena Alves. "É um processo que vai ser natural ao longo do ano", garante a responsável, salvaguardando contudo que os pais poderão continuar a fazer o pedido prévio do kit. Apesar de a medida não partir da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação (ASST), do Ministério da Saúde, é a esta que cabe o licenciamento das unidades para as recolhas. Os hospitais que querem começar pela primeira vez a fazer a recolha de sangue devem solicitar autorização à ASST, e os que já têm este serviço - com os kits fornecidos pelo Lusocord ou pelas empresas privadas de criopreservação - deverão renovar o pedido até 10 de Maio, avança a autoridade.

Para Helena Alves, apesar de a existência de kits nos hospitais não ser uma medida obrigatória, espera-se que venha a abranger todo o país. "É natural que os hospitais públicos, privados e clínicas venham a querer que os seus utentes disponham desta opção", sublinha.

O banco público de células estaminais do cordão funciona desde Julho do ano passado nas instalações do Centro de Histocompatibilidade do Norte, com uma capacidade de armazenamento para oito mil doações. Desde então já recebeu mais de 1600. O processo de recolha e armazenamento ronda os 100 euros, mas é disponibilizado de forma gratuita, explica ao i Helena Alves. Tem como destino a "realização de um transplante de qualquer doente do mundo que precise, sem outra preferência que a da compatibilidade mais idónea". Define-se como uma dádiva "altruísta e anónima". Já no privado, o armazenamento das células estaminais do cordão umbilical prolonga-se por 20 anos, com um custo acima dos mil euros, ficando reservadas para a família.

Por desenvolverem glóbulos brancos e vermelhos, as células do sangue do cordão são utilizadas no tratamento de doenças do foro sanguíneo, como a leucemia. No futuro espera-se alargar as recolhas no banco público ao tecido do cordão, que contém um tipo de células estaminais diferentes das do sangue, que se acredita terem potencial para regenerar cartilagem e outros tecidos, como o muscular e o cardíaco.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Português descobre mecanismo responsável pelo fim da regeneração celular

Um investigador português identificou o processo molecular que termina a actividade das células. Este mecanismo associado ao envelhecimento, não sendo o elixir da juventude, pode permitir reduzir danos de doenças cardiovasculares, diabetes ou cancro.

in Ciência Hoje, 2010-02-17

João Passos, investigador do Instituto para a Saúde e Envelhecimento (Institute for Ageing and Health) da Universidade de Newcastle, explicou à Lusa que o mecanismo agora identificado justifica porque pára a divisão celular, um processo normal no organismo que cessa a partir de determinado momento, impedindo a regeneração dos tecidos associada ao envelhecimento. O facto de as células pararem a sua actividade estava identificado há 60 anos, mas desconhecia-se qual o processo molecular que desencadeava esta inactividade.

O também primeiro autor do trabalho de investigação publicado ontem na revista Molecular Systems Biology, detalhou que "cada vez que uma célula se divide existem pequenos fragmentos no núcleo, os telómeros, que são pequenas sequências de DNA localizados final dos cromossomas [das células] que vão encurtando".

Este encurtamento dos telómeros desencadeia um percurso molecular para as mitocôndrias - estrutura no citoplasma da célula que produz a energia necessária para esta viver -, que a leva a produzir espécies reactivas de oxigénio que param a divisão celular.

"Este é o mecanismo que explica porque as células não conseguem proliferar continuamente" e ficam senescentes, explicou João Passos, salientando que este estado, a senescência, acaba por ter dois efeitos paradoxais.

Ao parar a divisão celular, impede-se também a proliferação de células danificadas, o que pode impedir o aparecimento de cancro mas, assinalou o investigador, a contínua produção de espécies de oxigénio reactivas, ou radicais livres, pela mitocôndria celular, e que mantém a célula em senescência, acabam por danificar os tecidos à sua volta e desencadear doenças associadas ao envelhecimento, como a diabetes ou problemas cardiovasculares.

Intervir na senescência é “um desafio para o futuro”

João Passos, que integrou uma equipa multidisciplinar nesta investigação, salienta que ainda se está "muito longe" de conseguir intervir na senescência, de forma a atenuar os efeitos da produção de radicais livres e, simultaneamente, travar a proliferação de células cancerosas mas este é, definitivamente, um "desafio para o futuro".

"É um processo extremamente complicado, os mecanismos moleculares envolvidos no processo são muito complexos e ainda estamos no início. Identificámos um mecanismo, existem muitos outros mecanismos que temos ainda de descobrir", resume o investigador, que alerta para a necessidade de um olhar menos fantasioso em torno da investigação sobre o envelhecimento.

"Não estamos interessados em descobrir o elixir da vida eterna. A população está a envelhecer e o tempo máximo de vida tem aumentado continuamente nos últimos anos. A maior parte da população vai ter mais de 65 anos. O que temos de compreender é a base do envelhecimento para que a vida das pessoas que estão a viver mais tempo melhore, é esse o nosso objectivo", concluiu. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Banco público de células estaminais já tem 1400 oportunidades de salvar vidas

Doação do sangue do cordão umbilical ultrapassou expectativas

Banco público de células estaminais já tem 1400 oportunidades de salvar vidas

Público, 14.01.2010 - 07:46 Por Andrea Cunha Freitas

Doação do sangue do cordão umbilical ultrapassou expectativas. No final deste semestre, as recolhas do Lusocord já serão usadas em todo o mundo. Por cá, Lourenço foi o primeiro a dar.
Matias, "Carmenzita", Afonso, Patrícia, Eduardo, são apenas alguns dos nomes que Helena Alves, directora do Centro de Histocompatibilidade do Norte (CHN), sabe de cor. São crianças com leucemia e que podem vir a precisar do Lusocord, o banco público de sangue do cordão umbilical, acolhido no CHN. Passado um ano do anúncio formal de José Sócrates que lançou a criação do esperado banco público, há já 1400 dádivas de sangue do cordão umbilical em Portugal para servir o mundo inteiro e que se destinam a transplantes e investigação. A meta de Helena Alves é conseguir a criopreservação de, pelo menos, três mil amostras até ao final do ano e integrar o banco na rede mundial no final do semestre. O sucesso depende apenas da vontade das grávidas do país.

No centro de tudo estão as preciosas células estaminais que podem ajudar a salvar uma vida ameaçada, por exemplo, com uma leucemia. Quando falham os tratamentos e a procura de um compatível dador adulto de medula óssea, a esperança de quem está doente bate à porta do sangue do cordão umbilical. Desde o ano passado que essa porta pública existe formalmente em Portugal atrás do nome Lusocord e com a morada do CHN, no Porto.

As dávidas guardadas no Lusocord ainda não podem ser usadas. Helena Alves explica que falta cumprir algumas formalidades que certificam a qualidade do processo e que o acesso às amostras poderá ser uma realidade no início do Verão. Para já, existe uma equipa que todos os dias recebe, prepara e guarda o conteúdo de dezenas de malas térmicas azuis que chegam de todo o país. "Os blogues e fóruns das grávidas têm ajudado muito a difundir a informação", agradece a directora do CHN.

A campanha - que tem o rosto de dois bebés chamados João e Joana e o lema "Ó mãe! O umbiguinho não é só para as cócegas!" - vai intensificar-se e será também criada uma linha de apoio para esclarecer dúvidas. Helena Alves adianta algumas respostas: entre 15 a 20 por cento das amostras serão usados para investigação (sobretudo na Medicina Regenerativa), as amostras passam por filtros de segurança (testes para afastar a hipótese de infecção e controlos para perceber se as células colhidas são viáveis e cumprem os critérios em termos de número e volume).

Todo o processo, desde a entrega à recolha do kit, é gratuito. E, para as grávidas interessadas, a responsável aconselha um contacto com a Lusocord no final da gestação, pelas 37 semanas. Por fim, Helena faz eco das palavras de quem já deu. "As mães encaram o nascimento como algo sagrado. A grandiosidade do momento duplica se sentirem que podem estar a dar vida também a alguém que está quase a morrer. O sangue do cordão que vai para o lixo pode ser a salvação de uma pessoa." Helena Alves não esconde as reservas sobre a iniciativa privada e o negócio nesta área. "Antes fosse verdade que era uma boa solução guardar as células só para si. Por exemplo, no caso de uma leucemia, a probabilidade de algum dia a própria amostra ser útil é inferior a um por cento", nota a especialista, que admite assistir a um "assédio e desinformação" das grávidas pela iniciativa privada.

Mas, sobre isso, não se quer alongar. Prefere falar da sua casa pública, onde vive o reconhecimento pela resposta das grávidas portuguesas e onde guarda muitas histórias. Algumas más. São aquelas que falam das crianças que não conseguiu salvar e viu morrer. Como o Simão. "Chamávamos-lhe "o puto-coragem"", lembra, comovida. Helena Alves sabe bem que há muitos "putos-coragem" a precisar do Lusocord. E muitas histórias boas. Como a de Lourenço, o primeiro dador do banco (numa fase ainda de ensaios) que já tem 20 meses.

Anabela Rodrigues descansava a barriga de mais de 30 semanas de gravidez no sofá em frente à televisão e conheceu a história de Tiago, uma criança com leucemia. Ouviu os apelos dos pais desesperados por um dador de medula óssea e não se limitou a emocionar-se com o caso. Fez mais. Foi à Internet, procurou o CHN e mandou um e-mail para Helena Alves. Disse que queria ajudar e que, em vez de guardar num centro privado, queria que ficassem com o sangue do cordão do Lourenço.

O CHN estava numa fase de ensaios. Ainda assim, Helena Alves aceitou a dádiva que foi guardada no IPO. Lourenço nasceu em Maio de 2008, na Maternidade de Júlio Dinis, no Porto. "Foi o pai do Lourenço que, no mesmo dia, trouxe a lancheira azul ao parque de estacionamento onde já o esperavam." Será difícil encontrar uma defensora da doação mais convincente do que Anabela. "Gostava que a recolha do sangue fosse parte do protocolo de um parto. É algo precioso de mais para acabar no lixo. Quem não quisesse doar é que assinava um papel. É um processo que não interfere no parto, na segurança da mãe e do filho. Só isto faz sentido", diz, atirando quase indignada: "Ninguém guarda o próprio sangue, pois não?"

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Mais de mil dadores reduzem falta de sangue

Houve quem esperasse duas horas para dar sangue ontem. Apesar de a oferta ter sido positiva, autoridades reiteram apelo à dádiva.

in DN, por DIANA MENDES2010-02-14

Ricardo Oliveira esperou ontem duas horas para dar sangue no centro regional de Lisboa do Instituto Português de Sangue (IPS). Aos 20 anos, decidiu dar sangue pela primeira vez, "convencido por uma amiga que costuma dar habitualmente. Já estava a pensar nisso, mas decidi fazê-lo ontem depois de ouvir que havia falta de sangue". A partir de agora, tenciona continuar a dar. Ricardo não é exemplo único. Ontem, foram muitas as estreias na dádiva, que permitiu uma reserva "superior a mil sacos em todo o País", disse ao DN Gabriel Olim, o presidente do IPS.

Os portugueses responderam ao apelo urgente para dar sangue, perante a grave escassez que o País atravessa. Ao fim da tarde, ainda havia 40 a 50 pessoas à espera de dar sangue em Lisboa. E faziam- -no pacientemente. "A afluência foi enorme. Perante as filas de espera, decidimos continuar a fazer a colheita até haver dadores", conta Gabriel Olim, satisfeito por sentir que os colaboradores não estão a ter mãos a medir. "Até veio ontem uma brigada nossa do Alentejo para ajudar!"

No centro do Porto, segundo a mesma fonte, "as colheitas ultrapassaram as 480, tendo-se inscrito mais de 600 pessoas. Em Coimbra ainda não havia dados apurados, mas o esforço total já garante reservas para um dia de consumo.

Há dois dias, quando surgiram os primeiros apelos aos portugueses, Gabriel Olim disse que eram precisas colheitas diárias de duas mil unidades para responder à actual escassez. Em cada dia, consomem-se cerca de 1070 unidades de sangue, mais do que a média de 1036 que era habitual, e a colheita não tem ultrapassado as 970, desfalcando lentamente os hospitais e o Instituto Português de Sangue, que os fornece.

Nos hospitais, que têm necessidade de ter uma reserva de segurança para quatro dias, não tinham quantidades para mais de dois. Já o IPS tinha apenas sangue para um dia de consumo nacional - 1094 doses. Faltavam sobretudo sacos de sangue do tipo A e 0, sendo que o 0 negativo é o único tipo de sangue que pode ser usado em transfusões para todos os tipos de sangue. Ontem, os tipos A e 0 positivos já tinham garantido as reservas para mais um dia. "Perguntam-me se seremos capazes de dar resposta à procura caso haja uma catástrofe. Numa catástrofe estamos nós agora", desabafa Gabriel Olim.

É perante este cenário, a melhorar diariamente, que o responsável anuncia que a colheita vai continuar nos próximos dias. "Amanhã, segunda e terça-feira também vamos ter os centros regionais e as brigadas a fazer colheitas e o nosso pessoal está preparado para o fazer nesta fase difícil."

Alguns hospitais já tiveram de adiar cirurgias para responder às dificuldades, especialmente em Lisboa. O maior hospital do País, Santa Maria, já teve de adiar e reagendar algumas cirurgias. "Pensamos que nos próximos dias tudo se vai resolver. Mas sabemos que há cirurgias, nomeadamente a aneurismas ou do foro cardíaco, que têm sido adiadas em vários hospitais. Se fossem realizadas, seriam um rombo para as reservas de sangue." As cirurgias e situações urgentes continuam asseguradas.