in i online, 3-01-2011
O número de voluntários em Portugal tem vindo a aumentar de dia para dia. Prova disso é o sucesso do projecto Bolsa do Voluntariado, que, depois de renovar o seu site, em Dezembro, recebeu mais 1500 inscrições de quem se propõe ajudar sem receber contrapartidas financeiras. O projecto desenvolvido pela associação Entreajuda conta já com 16 500 voluntários. No Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Activa, Isabel Jonet, presidente da associação, explica que o objectivo para 2011 é "chamar a atenção para uma maior intervenção cívica".
A ideia da Bolsa do Voluntariado é "fazer a ponte entre quem quer dar e quem precisa de receber", conta Pedro Ferraz, responsável pela plataforma. "Quando confrontadas com o desemprego ou com a reforma, muitas pessoas vêem no voluntariado uma boa solução para continuarem ocupadas", explica. Apesar de não serem pagas, o responsável acredita que são compensadas: "É uma forma de contribuírem para a sociedade."
Acabados de sair da faculdade, ou com o estágio já concluído, são também muitos os jovens que se inscrevem na Bolsa enquanto não encontram posto de trabalho seguro. Actualmente nos 10,9%, o desemprego acaba por contribuir para o sucesso do projecto, porque o voluntariado é uma solução para aqueles que querem continuar activos. Quem é especializado numa determinada área pode explicá-lo na sua ficha de inscrição, o que possibilita uma melhor distribuição da mão-de-obra disponível. E é neste ponto que o projecto difere dos outros existentes no país: "A Bolsa de Voluntariado serve de ponto de encontro entre a procura e a oferta de trabalho voluntário qualificado", esclarece Pedro Ferraz.
As empresas com pouca capacidade para pagar ordenados aproveitam a oportunidade: já há 930 instituições e empresas inscritas na plataforma. Em apenas um mês, 130 recorreram a este serviço. Isabel Jonet alerta: "As pessoas precisam de dinheiro. O voluntariado não pode, nunca, substituir um emprego. Era injusto para o mercado de trabalho", diz, sublinhando o facto de muitos voluntários verem nesta Bolsa "uma forma de manterem regras e rotinas quando, por qualquer razão, ficam sem emprego", não deve ser aproveitado pelas instituições para terem mão-de-obra gratuita.
Mas a verdade é que o período de crise que o país atravessa permite prever que esta procura de voluntários continue a aumentar.
As previsões para 2011 não são animadoras: uma economia débil e mais de 600 mil pessoas sem trabalho. Como não ter emprego significa ter mais tempo livre, a Bolsa de Voluntariado procurou ser mais funcional e atractiva: "O projecto é transversal a todas as áreas e é fundamental para o terceiro sector", esclarece Pedro Ferraz. No entanto, é na área "do ambiente e da solidariedade social que as empresas se encontram com menos capacidade". A Secretaria-Geral do Ministério do Ambiente é disso exemplo e também já recorreu a esta Bolsa do Voluntariado, que permite a participação em projectos em áreas de cultura, saúde ou educação.
O projecto tem o apoio da Caixa Geral de Depósitos e da Portugal Telecom, que, através do SAPO, desenvolveu a parte tecnológica da plataforma online.