domingo, 2 de janeiro de 2011

Directora do Instituto de Medicina Molecular vence o Prémio Pessoa 2010

2010-12-17
Maria do Carmo Fonseca, de 51 anos, directora executiva do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, venceu hoje o Prémio Pessoa 2010. É a primeira mulher cientista a ganhar, isoladamente, o galardão. Até hoje foram distinguidos os seguintes investigadores:  António Damásio e Hanna Damásio, João Lobo Antunes e Manuel Sobrinho Simões.

Segundo o que Francisco Pinto Balsemão, presidente do júri, disse em conferência de imprensa no Palácio de Seteais (Sintra), a atribuição advém da “hierarquia de uma excelência que se tem afirmado cada vez mais, nos últimos anos”. E continuou: “O júri quis sublinhar a importância da ciência no desenvolvimento do país e a sua confiança no futuro da investigação básica em Portugal”.



O presidente do júri justificou a atribuição do prémio à directora executiva do IMM pela "cultura de rigor" na prática científica que este instituto promove e que tem sido "determinante na atracção de uma plêiade de jovens investigadores, muitos dos quais doutorados fora do país".

A especialista em genética molecular recebeu hoje com "muito orgulho e grande satisfação" a notícia, e considerou que "não poderia ter havido melhor altura para passar uma mensagem e voto de confiança na ciência” que se faz por cá. "Sou uma, entre muitos cientistas portugueses, que fez a sua formação no estrangeiro e optou por regressar para fazer investigação em Portugal" e, também porque "tomei esta decisão, estou a ajudar a construir um instituto para atrair jovens investigadores que estejam no estrangeiro para virem fazer a sua ciência no nosso país”, acrescentou.

Aprovação consensual


O investigador Alexandre Quintanilha escreveu em comunicado que “é altamente merecida" a distinção a esta cientista cujo trabalho “tem contribuído fortemente para o desenvolvimento da área das ciências da vida e da saúde em Portugal" e que "continua a ter impacto no domínio da biologia molecular e celular".
Por seu lado, Raquel Seruca, vice-presidente do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), aplaudiu a atribuição do Prémio Pessoa 2010 e refere-se a Maria do Carmo Fonseca como uma “cientista de topo” que “tem feito a diferença na criação de um instituto ligado à ciência básica e de translação em Portugal e tem contribuído para levar Portugal a vários comités internacionais da maior categoria científica”. 
Já Mário Soares, que também integrou o júri, disse ter ficado "muito satisfeito" com a escolha. "Há muito tempo que eu tenho andado a dizer que me parece que a ciência portuguesa vai na ponta dos maiores desenvolvimentos, nós temos cientistas extraordinários", disse, acrescentando que está à frente de equipas que se dedicam a áreas que são "completamente inovadoras no mundo".

Por seu turno, a investigadora Maria de Sousa, que integrou igualmente o júri, disse que "em ciência não há Saramagos e o cientista só existe pelo contexto”. Sublinhou que a premiada foi sujeita a uma "grande avaliação externa no início dos anos 1990", acrescentando que neste momento lidera uma equipa de 350 pessoas com 30 grupos de investigação.

A investigação de Maria do Carmo Fonseca centra-se “na melhor compreensão de doenças causadas por erros da natureza", através do processo de descodificação das células humanas.

Prémio Pessoa
O prémio, no valor de 60 mil euros, é promovido pelo jornal Expresso com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos e destina-se a reconhecer pessoas de nacionalidade portuguesa que tiveram uma intervenção relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica do país.

Francisco Pinto Balsemão (presidente), Fernando Faria de Oliveira (vice-presidente), Alexandre Pomar, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto Moura, João José Fraústo da Silva, João Lobo Antunes, José Luís Porfírio, Maria de Sousa, Mário Soares, Miguel Veiga, Rui Baião e Rui Vieira Nery são os elementos do júri.