sábado, 28 de agosto de 2010

15% da energia consumida em Portugal vem do vento...

Portugal é o 9º produtor mundial de energia eólica.

in DN, 22 Agosto 2010

2600 MW obtidos a partir energia eólica dão a Portugal um lugar entre os dez maiores produtores deste tipo de energia. Os planos apontam para aumentar a capacidade para o dobro, mas os ambientalistas alertam: não podemos sacrificar áreas protegidas em troca de energias renováveis

Em 2009, 14,1% da energia consumida em Portugal era proveniente do vento. Será uma pequena variação, mas espera-se que no final do ano este valor chegue a um número certo: 15%. Com cerca de 1200 aerogeradores e a vontade de aumentar este número para o dobro, Portugal assume o nono lugar mundial no ranking de potência instalada de energia eólica, com cerca de 2600 megawatts (MW). Tudo isto junto permite ao País poupar 200 milhões de euros em importações de gás natural.

Uma aposta para diminuir as emissões de gases com efeito de estufa e gastos com a importação de petróleo, como explicou ao DN a ministra do Ambiente, Dulce Pássaro: "O sector das eólicas é uma aposta que veio para ficar, porque além dos benefícios ambientais também contribui para a economia nacional que neste momento está a exportar energia, bem como aerogeradores e torres produzidos em Portugal."

Neste momento existem em Portugal 95 parques eólicos, com um total de 1270 aerogeradores. Tudo isto para se produzirem cerca de 2600 MW de energia. E o futuro aponta para o dobro: quase cinco mil megawatts, tudo graças ao investimento em novos equipamentos. Junto do Ministério do Ambiente, o DN apurou que serão construídos no futuro mais 1200 aerogeradores.

A iniciativa também acontece porque, por lei da União Europeia (UE), Portugal tem de atingir os 31% de quota de energias renováveis até 2020 (número acordado para permitir os 20% à UE até essa data), mas os ambientalistas alertam que tem tudo de ser feito com cuidado para não prejudicar a natureza. "A captação de energias renováveis tem de ser diversificada para diminuir o impacto dos equipamentos no meio ambiente", explica Ana Rita Antunes, da Quercus.

Em cinco anos, a ocupação de locais por aerogeradores subiu consideravelmente, factor que pode ser um problema para os projectos futuros. "Prevê-se que os bons locais [para colocar aerogeradores] já estejam todos ocupados. A partir de agora haverá um maior impacto sobre locais de va- lor natural elevado", complementa.

No entanto, para o Ministério do Ambiente, as eólicas são mesmo uma aposta de futuro e, nos últimos cinco anos, foram aprovados 92% dos parques eólicos que foram objecto de avaliação de impacto ambiental. Tudo isto para "reforçar a posição de Portugal como referência" no sector das energias renováveis, disse a ministra do Ambiente.

Apesar de os ambientalistas assumirem o problema com os locais de construção dos parques, apoiam o investimento neste tipo de energia porque não deixa de ser "renovável" e uma forma de "diminuir as emissões de dióxido de carbono" para a atmosfera.

"Os estudos que têm saído indicam que Portugal não vai conseguir atingir a quota prevista pela União Europeia", afirma Ana Rita Antunes, que, apesar de tudo, acha que esta pode ser uma boa notícia para o País. "A Quercus espera que esta quota nunca seja atingida para não se prejudicar as áreas protegidas em Portugal", assume.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Etiópia reduz o número de mortes por malária em apenas 3 anos!

O número de pessoas que morrem de malária na Etiópia foi reduzido para metade em apenas três anos, através da distribuição de cerca de 20 milhões de redes mosquiteiras tratadas com insecticida e pelo uso generalizado de drogas antimalária. A dramática queda do número de mortes por uma doença que mata uma em cada quatro pessoas na Etiópia foi possível com apoio do Fundo Global e um pequeno exército de trabalhadores de saúde.

Ver notícia completa aqui.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Canoagem...

Ombro a ombro com os melhores! 15 medalhas no Mundial

in Público.pt, 24.08.2010 - 10:01 Tiago Pimentel

Em poucos anos, a canoagem passou de desporto praticamente desconhecido do público a modalidade que cronicamente dá medalhas a Portugal. A participação nos Mundiais, que terminaram ontem, na Polónia, superou as expectativas e a prata de Fernando Pimenta e João Ribeiro em K2 500m elevou para 15 o número de medalhas conquistadas este ano pelos canoístas portugueses, o melhor resultado de sempre.

Para esta evolução contribuíram as boas prestações de alguns atletas, que serviram de motivação.

Emanuel Silva foi um dos que desbravaram o caminho: conseguiu a primeira medalha numa prova internacional em 2002, com apenas 16 anos, quando foi terceiro em K1 1000m no Europeu de Juniores. No ano seguinte sagrou-se campeão (K1 500m) e vice-campeão (K1 1000m) mundial júnior. "Com esses resultados, os atletas mais novos viram que, se eu consegui, por que não eles também conseguirem? A partir daí houve mais dinâmica por parte dos clubes. Foi o ponto de partida [para o actual momento]", diz Emanuel Silva ao PÚBLICO. "Os canoístas portugueses são super-heróis, superam-se e fazem tremer as equipas mais fortes, que começam a ter-nos respeito", acrescenta o canoísta olímpico.

A melhoria das condições de trabalho pesou, com a entrada em funcionamento do Centro de Alto Rendimento (CAR) de Montemor-o-Velho. "Sem o CAR, era difícil. Estamos a receber os frutos do nosso trabalho", sublinha o polaco Ryszard Hoppe, seleccionador nacional da canoagem, em conversa com o PÚBLICO durante a escala da viagem de regresso da Polónia. "São os mesmos atletas que antes, a diferença está no sistema de treinos", acrescenta o técnico a cumprir a sexta temporada em Portugal.

O método é idêntico ao utilizado pelas melhores equipas do mundo. Um dia típico em Montemor-o-Velho começa com treinos "às 6h00 ou 6h30 da manhã, porque há aulas às 9h00. É importante aliar o desporto aos estudos", aponta Ryszard Hoppe, frisando que todos os atletas que estão no CAR estão na universidade. "Há treinos todos os dias, de manhã e à tarde, com meio dia de folga à quinta-feira e ao domingo", conclui.

O técnico polaco é pragmático relativamente ao entusiasmo em torno da canoagem. "É como no futebol", diz: "Todos os miúdos querem ser como o Cristiano Ronaldo. Não temos Ronaldo, temos Teresa [Portela], Joana [Vasconcelos], Fernando [Pimenta], João [Ribeiro], Emanuel [Silva]. Funciona assim em todas as modalidades, como no triatlo, com a Vanessa Fernandes".

Ryszard Hoppe não esconde a ambição para os Jogos Olímpicos de 2012. "Com a experiência de participações anteriores, e se tudo correr como até agora, vamos voltar de Londres com medalhas", prevê.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Demonstrado...

Cada posição do Cubo de Rubik™ pode ser resolvida em 20 ou menos movimentos.

Utilizando tempo livre de processamento doado pela Google, cerca de 35 anos, uma equipa de investigadores resolveu todas as posições do Cubo de Rubik™, e demonstrou que nenhuma posição necessita de mais do que 20 movimentos.

Cada jogador do Cubo utiliza um algoritmo, que é uma sequência de passos para ordenar o Cubo. O algoritmo pode utilizar uma sequência de movimentos para resolver a face do topo, depois uma sequência de movimentos para posicionar as peças do centro, e por aí adiante. Há muitos algoritmos, variando em complexidade e no número de movimentos necessários, mas aqueles que podem ser decorados por um mero mortal necessitam, normalmente, de mais de 40 movimentos.

Passaram 15 anos desde a apresentação do Cubo para descobrir uma posição que necessitava apenas de 20 movimentos para resolver; 15 anos depois fica provado que esses mesmos 20 movimentos são suficientes para resolver qualquer posição do Cubo.

Mais informações aqui.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Reinventar a Roda...

Copenhagen Wheel. A roda que poupa energia para momentos mais difíceis
in I online, publicado em 12 de Agosto de 2010   

A engenhosa roda, obra de uma equipa de estudantes norte-americanos do MIT, chama-se “Copenhagen Wheel” por ter sido fruto de inspiração na cidade dinamarquesa. Quando instalada numa bicicleta, esta roda permite gerar energia eléctrica ao pedalar, energia que depois é aproveitada quando o esforço é mais exigente para o ciclista, seja em subidas ou em distâncias longas.

A inovação permite assim que um transporte mecânico se transforme, ainda que momentaneamente, num veículo eléctrico. E tudo isso controlado por uma interface do iPhone conectada à bicicleta. A ideia foi premiada pelo fomento ao transporte sustentável que acarreta, tornando a bicicleta um meio de transporte viável para cada vez mais pessoas.

A “Copenhagen Wheel” ganhou o prémio James Dyson na sua primeira fase, apenas de invenções relativas a estudantes americanos, e vai agora competir com ideias de todo o mundo para o prémio final de 30 mil dólares (cerca de 23 mil euros), a repartir entre a equipa e a escola, que será anunciado a 5 de Outubro.



Outras informações sobre a Copenhagen Wheel, aqui.

"Criámos a Copenhagen Wheel para promover o ciclismo, expandindo a distância que cada um pode percorrer e tornando a experiência mais confortável. Quando as distâncias longas e as subidas íngremes deixam de ser obstáculos, muitas cidades passam a ser acessíveis para os ciclistas", refere Assaf Biderman, co-diretor do Senseeable City Lab, a unidade especializada no desenvolvimento deste projeto.

domingo, 22 de agosto de 2010

BOOM - Arte e cultura de braço dado com a promoção de boas práticas de protecção do ambiente

A 8ª edição do Boom Festival tem lugar entre os dias 18 e 26 de Agosto na Herdade da Granja, em
Idanha-a-Nova. Tal como nas edições anteriores o Boom mantém a sua tradição de ser o evento português com mais projecção no estrangeiro. A par de ser um festival intercultural, é um acontecimento multidisciplinar, transgeracional e sustentável. O Boom diferencia-se por ser um festival de cultura independente e expressão artística, ambiental e eticamente consciente.


O Boom é um festival bienal de cultura independente e expressão artística. A sua programação
inclui artes performativas, música, multimédia, pintura, bioconstrução, teatro, cinema, conferências, workshops ou instalações – cerca de 800 artistas de todos os continentes - a maior junta multidisciplinar dos festivais de Verão em Portugal.

O Boom é pioneiro mundial na sustentabilidade ambiental em festivais. Reconhecido pelas boas prácticas na ONU na área de sustentabilidade em eventos, o Boom Environmental Program desenvolve projectos em áreas como energia, saneamento, tratamento de águas, limpeza e educação.

Pelo reconhecimento das suas boas práticas ambientais, o Boom foi convidado pela ONU para fazer parte da United Nations Music & Environmental Stakeholder Initiative (M&E).
A iniciativa foi lançada no dia 22 de Março de 2010 na cidade de Arendal, Noruega, e contou com a presença dos festivais com melhores programas ambientais em todo o mundo. Apenas 10 festivais foram convidados pelas Nações Unidas.

O objectivo da United Nations Music & Environmental Stakeholder Initiative (M&E) – projecto criadopela United Nations Environment Programme (UNEP) - é de utilizar a popularidade da música para promover a consciência ambiental junto do público.

Iniciativas para a sustentabilidade ambiental do Boom

Boom Lab
O Boom Lab é um  projecto criado em 2010 tendo com objectivo o desenvolvimentos de soluções sustentáveis para eventos. No seu ano inaugural, o Boom Lab desenvolveu:
  1. Cinco unidades móveis de energia solar
  2. Duas unidade fixas de energia solar 
  3. Um módulo de hidrogénio para integração em geradores (movidos a óleo vegetal usado
  4. Um purificador de água de tecnologia orgone

O Seu Óleo É Música
Parte dos geradores do Boom 2010 são alimentados a óleo vegetal usado.
Em 2008 foi criado o projecto “O Seu Óleo É Música”, em parceria com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, para recolher o óleo em domicílios e organismos públicos nas 17 freguesias do Concelho.
O resultado foi a utilização de 45 000 lt de óleo vegetal usado poupando a emissão de 117 000 kg de CO2 para a atmosfera.
Em 2010 o óleo vegetal continua a ser um dos combustíveis mas com uma nova novidade: hidrogénio.

STAR: Sistema Tratamento Águas Residuais
O Boom introduz este ano um sistema de tratamento das águas residuais assente em plantas, inserção de minerais e evapotranspiração. Esta tecnologia serve de ponto de partida para novos modelos de reutilização de águas residuais para demonstrar ao público as diversas etapas do ciclo natural de purificação da água.

Gestão de Resíduos
A gestão de resíduos é fomentada pela responsabilidade individual.
Começando pelo consumo consciente até centenas de pessoas a trabalharem na Ecoteam, para o festival ser um exemplo de limpeza.
Todos os resíduos orgânicos são compostados e reutilizados no enriquecimento do solo agrícola.



Gestão de Recursos
O Boom desenvolve um programa de desmontagem de outros eventos para reciclagem de materiais.
Pela segunda vez o Boom celebrou um acordo com o Rock in Rio Lisboa para reutilização de equipamentos.

Consumo Consciente
O Boom incentiva a consciência nas acções. Um espaço livre de logótipos corporativos encoraja uma cultura de mudança, consciência e responsabilidade.
Os restaurantes que oferecem alimentação são seleccionados para garantir diversidade e qualidade.
Grande parte da economia Boom está baseada na criatividade e bio-regionalismo, fortalecendo a economia local.

Bioconstrução
O Boom tem-se afirmado como uma escola de sustentabilidade e nada mais efectivo do que a bioconstrução para demonstrar as possibilidades de sistemas ecologicamente correctos.
O Boom 2010 tem construções de:
  1. Fardos de palha;
  2. Super adobe;
  3. Bambú;
  4. Madeira reciclada.
Existem ainda construções a partir da técnica de baixo custo, ferrocimento.

Mais informações sobre o Boom e a sua programação podem ser consultadas aqui.
Siga o Boom 2010 no Twitter.

sábado, 21 de agosto de 2010

Menos ruído e menos poluição na Baixa de Lisboa

Alterações já a partir de Setembro, para melhor qualidade de vida na capital.

in DN, por DANIEL LAM13 Agosto 2010

A zona da Baixa pombalina não consegue, para já, livrar-se de mais tráfego automóvel, mas vai receber um conjunto de medidas para minimizar os efeitos nefastos produzidos pelo trânsito, principalmente a poluição do ar e o ruído. Entre essas soluções contam-se novos autocarros mais amigos do ambiente, um tipo de pavimento que absorve o ruído e um sistema de funcionamento dos semáforos para levar os automobilistas a praticar uma condução mais ecológica, revelou ao DN o vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Fernando Nunes da Silva.

"Não é possível reduzir mais tráfego na zona sem matar a Baixa", confessou o autarca, anunciando que o novo plano de circulação de tráfego para a frente ribeirinha e Baixa pombalina, entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré, começa a ser implementado já em Setembro, com um "sistema de semaforização diferente".

Segundo explicou, o sistema tem uma valência que mede a velocidade de circulação dos veículos, passando o semáforo para vermelho se ultrapassar o limite de 40 quilómetros por hora. O objectivo é levar os automobilistas a conduzir a uma velocidade constante até aos 40 quilómetros por hora, o que permite reduzir o ruído e a emissão de gases poluentes.

No fundo, é um sistema semafórico semelhante ao que está instalado na Estrada Marginal, ao longo da costa do Estoril.

O vereador esclareceu que, se os condutores cumprirem esse limite de velocidade, "conseguem atravessar toda a Baixa sempre com os semáforos todos verdes sem terem de parar em nenhum".

Salientou que "as emissões de gases poluentes aumentam muito com o pára-arranca dos veículos".

O autarca adiantou que a empresa Carris "vai fazer um esforço para substituir os autocarros que passam pela Baixa por outros veículos híbridos, que são muito mais silenciosos e produzem menos gases poluentes do que as viaturas actuais".

A título de exemplo, Fernando Nunes da Silva referiu que "basta passarem dez autocarros - dos actuais - por hora numa rua para serem ultrapassados os limites de poluição e ruído admissíveis em zonas residenciais".

Outra medida prevista consiste na colocação de pavimento absorvente de ruído nas ruas do Ouro e da Prata, as artérias da Baixa onde se regista mais tráfego. Esta solução, mais complicada de executar, não será realizada este ano, desconhecendo-se ainda quando se tornará realidade.

Além destas medidas, que minimizarão os incómodos para quem reside na Baixa, o vereador da Mobilidade defende que "os primeiros pisos dos edifícios só devem ter utilização comercial, destinando--se os andares superiores para habitação, pois ficarão sujeitos a níveis de ruído muito mais baixos".

Ainda no que se refere à habitação, o autarca considera que "é necessário melhorar as condições de isolamento acústico dos edifícios, nomeadamente com a instalação de janelas de vidro duplo".

Fernando Nunes da Silva recorda que o tráfego rodoviário na Baixa "reduziu quase 45% nos últimos dois anos e estabilizou. Ali já só circula o trânsito necessário ao funcionamento da Baixa. Tudo o que era para sair já saiu".

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Portugueses criam duas invenções por dia

Universidades e empresas nacionais apostam cada vez mais na investigação e no desenvolvimento de produtos inovadores. O número de patentes registadas em Portugal para proteção de inventos está a crescer 40% ao ano. 

in Expresso, Joana Pereira Bastos (texto) e Cristina Sampaio (ilustração) (www.expresso.pt), Quinta feira, 12 de Agosto de 2010 

Da educação à economia, não faltam más notícias nos jornais, nem estudos que revelam o atraso de Portugal e colocam o país no fundo da tabela nas mais variadas comparações internacionais. Mas no que toca à criatividade e à inovação o cenário é bem diferente. As invenções portuguesas estão a aumentar a um ritmo de 40% ao ano desde 2004. E a evolução é tal que Portugal já é o país da Europa com maior crescimento nos pedidos de patente para proteção de inventos no espaço comunitário.

Desde a descoberta de novos fármacos à criação de equipamentos para utilização de energias renováveis, passando pela conceção de sistemas de rega inteligentes ou dispositivos que permitem medir a dor, são de todos os tipos os pedidos de patente que chegam ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Só em 2009 foram recebidos 723, a uma média recorde de dois por dia.

António Campinos, presidente do INPI, assegura que os investigadores portugueses "estão cada vez mais a dar cartas no mercado global", sobretudo em domínios como a química, farmacêutica, informática e telecomunicações ou em áreas de ponta como a biotecnologia e a nanotecnologia.

"É quase demasiado bom para ser verdade, mas o certo é que, no que diz respeito à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, Portugal está a crescer a um ritmo muito superior à média da União Europeia. Ao nível da ciência, já temos um desempenho comparável ao dos países mais desenvolvidos da Europa e até do mundo", concorda António Cruz Serra, presidente do Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa, a instituição portuguesa de ensino superior que detém mais patentes.

Ver notícia completa aqui.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Lembram-se da Marta?

A Sílvia tornou-se dadora pela Marta e este ano salvou a vida de uma criança de 2 anos. 
Leiam o testemunho.

publicado por Associação Portuguesa Contra a Leucemia a Sexta-feira, 23 de Julho de 2010

A Marta sofria de Leucemia Linfoblástica Aguda, necessitou de uma dador de medula compatível e encontrou. Foi transplantada em Agosto do ano passado, actualmente encontra-se bem e com perspectivas de regressar no próximo ano lectivo à Escola!

O caso da Marta sensibilizou milhares de pessoas para esta causa e acrescentou cerca de 20.000 dadores ao Registo Nacional de Dadores de Medula Óssea.

Seguramente que haverá mais casos de vidas salvas por dadores que se registaram naquela altura, mas neste momento queremos partilhar convosco o testemunho da Sílvia, que se tornou dadora em Maio de 2009 precisamente por causa da Marta e em Abril deste ano foi "activada" como dadora e teve o privilégio de salvar a vida de uma criança de 2 anos.

Este fantástico testemunho deverá ser suficiente para incentivar de forma definitiva e imediata todos os que ainda não são dadores de Medula a registarem-se. Em cada um de nós pode residir a esperança de vida para alguém, em qualquer parte do mundo. VAMOS FAZER COMO A SÍLVIA E TENTAR SALVAR VIDAS?

TESTEMUNHO DA SÍLVIA, DADORA DE MEDULA EM ABRIL DE 2010:

"Foi por causa da Marta que eu me registei como dadora em Maio de 2009, quando uma brigada da CEDACE se deslocou ao centro de escritórios onde trabalho em Oeiras. Claro que já tinha ouvido falar da doação de medula e sempre pensei que seria uma coisa que gostaria de fazer, no entanto, nunca parecia surgir a ocasião para me deslocar a Lisboa para me inscrever. A Marta é filha de um amigo de uma colega de trabalho e quando soube da sua história, o meu registo na CEDACE passou a ser uma prioridade.
Apesar de se terem inscrito imensos novos dadores por causa da Marta, não foi nenhum Português que a salvou. A Marta conseguiu a medula que precisava, mas veio de um dador estrangeiro.
Eu fui contactada pela primeira vez pela CEDACE em Janeiro de 2010 para dar uma nova amostra de sangue, porque havia a possibilidade de ser compatível com uma pessoa que precisava de medula. Dei outra nova amostra em Março e foi só no início de Abril que me confirmaram que era compatível e me perguntaram se estaria efectivamente disponível para a doação.

Claro que sim! Afinal era a vida de uma pessoa que estava em jogo.

Marcaram-me uma consulta no IPO em meados de Abril e fizeram-me imensos exames, para se assegurarem que tinha condições para que a doação pudesse ser feita. Foi nesta altura que me perguntaram se estaria disposta a fazer a doação através da recolha directa, o que implicaria uma pequena intervenção cirurgíca, composta por várias punções na bacia, para retirarem a medula directamente do osso. Esta intervenção implicava uma anestesia geral e o meu internamento no hospital durante 24h. Eu poderia sempre ter optado pela recolha periférica (em que recolhem a medula directamente do sangue, este processo é muito mais simples para o dador uma vez que não envolve qualquer cirurgia nem internamento), mas sinceramente nem tal me passou pela cabeça. Eu estava ali para fazer o que me fosse possível para ajudar a salvar a vida de uma pessoa, e se o médico me disse que neste caso, para esta pessoa, o mais adequado seria fazer a recolha directa, eu concordei sem qualquer hesitação. Já tinha passado por uma cirurgia com anestesia geral (há cerca de 20 anos atrás) e por 2 cesarianas, sem qualquer problema, pelo que esta pequena intervenção não me assustava minimamente. No entanto, quando o médico me avisou que a partir daquela altura, em que fui aceite como dadora, qualquer problema de saúde que tivesse, mesmo que fosse uma pequena constipação, poderia pôr em causa a doação e consequentemente a vida do doente, passei a ter imenso cuidado comigo e dei com os meus colegas em doidos, por passar a vida a desligar o ar condicionado para não correr o risco de me constipar...

No dia marcado cheguei ao IPO de manhã cedo. Fui a primeira a entrar no bloco operatório, às 8h30, uma vez que de acordo com a lei Portuguesa, não se pode congelar a medula óssea e a recolha e implantação têm de ser feitas no próprio dia. A pessoa que iria receber a minha medula não vive em Portugal, pelo que, após a recolha, a medula teve de ser enviada para o aeroporto para prosseguir para o seu destino. Acordei por volta das 10h na sala de recobro, onde estive até ao final da manhã em monitorização. Depois fui transferida para um quarto e por volta das 14h já me tinham desligado da máquina de monitorização e tirado o soro. Afinal de contas, não tinha dores nenhumas e se me tivessem deixado, teria vindo para casa naquela altura. Mas, por precaução, tive de ficar no hospital até à manhã seguinte. Deram-me alta por volta das 9h e depois de trocar os pensos, e contar quantos furos tinha nas costas (foram 10), fui a conduzir para casa. Apesar de todo o pessoal médico e auxiliar ter sido extremamente simpático e atencioso, a pior parte desta experiência foi dormir (ou melhor, não dormir) no hospital, por causa do barulho, e retirar a enorme quantidade de cola com que fiquei na cintura, de todos os pensos que me colocaram.

Voltei ao trabalho 2 dias depois de ter feito a doação, ou seja, no dia seguinte depois de ter tido alta, e sentia-me bem. Claro que sentia as costas doridas, como se tivesse dado uma queda e batido com as costas em algum lado, mas isto acontecia porque tinha ficado com nódoas negras no sítio de alguns dos furos e quando me encostava a qualquer coisa magoava-me um bocadinho. Passados 4 ou 5 dias já não sentia quase nada e os furos são tão pequenos que podem ser confundidos com pequenos sinais, picadas de mosquito.

Esta experiência foi incrível, sinto-me uma previlegiada por ter feito parte deste processo e por ter tido a oportunidade de contribuir para ajudar a salvar uma vida. É nesta altura, em que saímos do nosso pequeno mundo e da nossa rotina, para fazer parte de algo maior, que sentimos, que pelo menos neste caso, pudemos fazer a diferença e tornámos o mundo um pouco melhor. Conseguimos mudar o mundo, chegando a uma pessoa de cada vez.
Todos os dias penso no menino de 2 anos que recebeu a minha medula, se estará a recuperar bem, e penso também na Marta e na família dela. Foram eles que tornaram isto possível ao divulgarem a sua história e ao terem mobilizado tanta gente para se tornar dador. E embora eu não tenha podido ajudar a Marta, foram eles que tornaram possível que eu e outros dadores possamos ajudar outras crianças. Muito obrigada.
"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aumenta a consciência de que a reciclagem contribuirá para melhorar o ambiente

... mas ainda há muita gente com dúvidas sobre a maneira correcta de utilizar os ecopontos

in Ecosfera, Público, 14.08.2010, por Carlos Filipe


Aumenta a consciência de que a reciclagem contribuirá para melhorar o ambiente.
O pior é que ainda é atirado para o sítio errado muito do lixo que se separa.

A percentagem de resíduos sólidos urbanos produzidos em Portugal e que seguem para valorização e reciclagem continua a aumentar, estimando o Instituto Nacional de Estatística que, em 2008, representava 12 por cento do total do lixo produzido, cinco pontos abaixo da média da União Europeia. Em Lisboa, de acordo com dados fornecidos pela autarquia, aquele valor aumenta para 20 por cento.

Todavia, há um dado que prejudica o esforço colocado nessa boa prática ambiental: há demasiados resíduos que chegam contaminados às linhas de triagem. Então no caso do ecoponto amarelo (embalagens de plástico e metal) eles representam um terço do total. Em última instância, a incineração ou aterro são os destinos finais.

A situação torna-se menos sustentável, quando se sabe que é o ecoponto amarelo que representa o maior fluxo de trabalho e de complexidade no processo de separação, pois é naquele contentor que são colocadas as embalagens de plástico, metal e pacotes de leite e outras bebidas, produtos estes que em Lisboa, segundo os dados fornecidos pelos serviços camarários, representaram em 2009 um aumento de 18 por cento relativamente a 2008, passando de 6262 toneladas para 7384 toneladas.

Porém, e segundo os dados da Valorsul, uma das operadoras na Área Metropolitana de Lisboa (AML), que serve os municípios de Lisboa, Amadora, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, cerca de um terço das quantidades provenientes daqueles receptáculos são constituídas por materiais indesejados (contaminantes), casos de papel, cartão, vidro, electrodomésticos, sapatos, chapéus de chuva, ou restos alimentares.

Diz Ana Loureiro, directora de comunicação da empresa, que aquelas embalagens mal colocadas, ou que não podem ser recicladas, mas que foram depositadas nos ecopontos, ainda assim "podem ser objecto de valorização através da produção de energia eléctrica" na central. "Mas os resíduos que são contaminantes, por não se enquadrarem em nenhuma categoria de reciclagem, seguem para incineração, o que acontece na Valorsul, ou para aterro sanitário, nos casos de operadores que não disponham deste sistema", esclareceu Ana Loureiro.

A situação não será igual em todo o território nacional, mas no caso destes cinco municípios da AML (desconhecem-se os valores em Cascais, Oeiras, Mafra e Sintra, operados pela Tratolixo, que não respondeu às questões do PÚBLICO), também cinco por cento dos materiais depositados nos receptáculos azuis (papel/cartão, que a nível nacional representam o maior valor, 36 por cento, do total de resíduos) são indesejados, encontrando-se entre os principais contaminantes sacos de plástico, esferovite, papel de prata, vegetal, plastificado e autocolantes.

Ainda de acordo com os dados da Valorsul, no ecoponto verde (embalagens de vidro) entre um a dois por cento do que ali é depositado é rejeitado na triagem - casos de loiças, plásticos, cerâmicas, vidro plano, cristais, espelhos, lâmpadas.

Mais erros, mais custos

Sejam "erros de pontaria" na cor dos contentores, desleixo/negligência, ou simples enganos por desconhecimento, a verdade é que a má separação dos resíduos pelos utilizadores acarreta maiores custos ambientais, sejam eles na operação de triagem, pela menor quantidade de produtos reciclados, pela utilização de combustíveis fósseis no processo produtivo de novos produtos (por exemplo, nos plásticos), ou pela necessidade de construção/aumento de aterros sanitários.

Ana Loureiro admite que a má separação "leva à existência de maiores custos, porque obriga a uma maior eficiência dos sistemas". "Como exemplo, refiro a existência ainda em elevada quantidade de papel/cartão no ecoponto amarelo. Este erro por parte de população obriga a um esforço adicional para tentar recuperar um material que é reciclável, mas que não deveria estar a aparecer naquele fluxo."

Foi também esta uma das razões apontadas pelo município de Oeiras - ainda que muito criticada por associações ambientalistas - como justificação para a decisão de interromper a recolha selectiva porta a porta no concelho. "Recuo ambiental", disse a Quercus, "lixo contaminado", alegou a câmara, salientando que cerca de 70 por cento daqueles detritos estavam mal separados, razão pela qual optou por substituir aquele sistema de recolha pela contentorização enterrada, garantindo também que assim haverá uma "melhoria substancial da quantidade e da qualidade dos resíduos recicláveis.

A Empresa Municipal de Ambiente de Cascais anunciou há dias que vai reforçar a capacidade de recolha de resíduos sólidos urbanos, com um investimento superior a 2,5 milhões de euros, com comparticipação de fundos do Programa Operacional Regional de Lisboa.

A empresa diz que avançará em Setembro uma nova fase de colocação de "ilhas ecológicas" no concelho, com a instalação de 465 novos contentores subterrâneos que aumentarão, respectivamente em 274% e 40% a capacidade de recolha de resíduos recicláveis e indiferenciados.

a Câmara de Lisboa conta abranger toda a cidade, até 2013, com o sistema porta a porta.

Segundo dados fornecidos pelo gabinete do vereador responsável pela higiene urbana, actualmente cerca de 25 por cento das habitações da cidade têm já à sua disposição este tipo de recolha de resíduos sólidos. E especifica que, na sua totalidade, já estão abrangidas as freguesias das Mercês, Santa Catarina, Santa Maria dos Olivais e São Miguel.

Existem ainda quatro freguesias que têm recolha selectiva porta a porta quase na totalidade - Nossa Sra. de Fátima, Socorro, São Cristóvão e São Lourenço -, mas que ainda têm áreas servidas por outros sistemas. Já a Quinta do Lambert, Alameda das Linhas de Torres (sul) e área envolvente ao Estádio de Alvalade experimentam este sistema desde o início do corrente ano.

Ainda segundo a Câmara Municipal de Lisboa, existe também uma evolução significativa em termos económicos. As contrapartidas financeiras obtidas pela autarquia com a entrega de materiais para reciclagem continuam a aumentar, cifrando-se em 3,6 milhões de euros para 2009, a que acresce uma economia de mais de dois milhões no tratamento e destino final dos resíduos. Tal reflectiu-se num acréscimo da poupança para os cofres municipais em mais de 160 mil euros relativamente a 2008.

Ainda há muita gente com dúvidas sobre a maneira correcta de utilizar os ecopontos

Apesar das muitas campanhas nos meios de comunicação, da familiarização dos mais jovens na escola com as boas práticas ambientais, que as transmitem aos pais, subsistem dúvidas na hora da deposição dos resíduos nos contentores. Há quem ainda se interrogue se deve lavar as embalagens nas quais foram usados óleos ou outras gorduras, temendo que, se não o fizer, aquela embalagem poderá não ter um final feliz, ou seja, um renascer em forma reciclada.

Responde Ana Loureiro, da Valorsul: "Não devemos gastar água para lavar lixo, e esta regra é válida em todas as situações. Devemos apenas escorrer as embalagens e se possível espalmá-las. E não é possível detectar na linha de triagem se uma garrafa está lavada ou não. São todas tratadas por igual."

É também frequente haver dúvidas quanto ao destino final do resíduo que se colocou no contentor colorido. Será que todo o resíduo é encaminhado para as respectivas rotas de reaproveitamento/reciclagem?

Ana Loureiro afiança que sim: "E quanto mais houver para reciclar, melhor. Na nossa área, e julgo que em todo o país, todos os materiais possíveis de enviar para reciclagem seguem esse caminho."

Mais recentemente surgiu uma nova dúvida: as embalagens descartáveis de café para máquina, revestidas a alumínio ou plástico, muito em voga, são recicláveis ou não? Há fabricantes que garantem que sim e pedem aos seus clientes que as levem a pontos de recolha. "Para nós, essas embalagens são um resíduo indiferenciado [não devem ser colocados nos contentores de deposição selectiva, pois contaminariam a linha de triagem], mas quem sabe se no futuro será possível valorizá-las", explicou Ana Loureiro.

domingo, 15 de agosto de 2010

Embalagem cresce sozinha (e é comestível)

Tecnologias Verdes
in Info Plantão - Paula Rothman, de INFO Online Quarta-feira, 28 de julho de 2010 - 12h38

SÃO PAULO – Usando produtos 100% naturais, a empresa Ecovative Design começa a fabricar as primeiras embalagens que crescem sozinhas a partir de cogumelos.
A Mycobond é uma espuma tão natural que não existe sequer problema em comê-la – apesar do produto não possuir valor nutricional e, segundo a fabricante, ter um gosto não muito agradável.

Composto de restos agrícolas e cogumelo, ela tem um processo de fabricação que requer somente 1/8 da energia e 1/10 do dióxido de carbono de embalagens de espuma convencionais. Além de usar somente fontes renováveis, que não dependem do petróleo, a embalagem, depois de usada, serve como adubo para o jardim.

A ideia é Gavin McIntyre e Eben Bayer, dois alunos do Instituto Politécnico Rensselaer, que fundaram a Ecovative Design em Nova York, Estados Unidos. Materiais como sementes de algodão ou fibras de madeira são usados para alimentar as fibras do cogumelo mycelia, que crescem em à temperatura ambiente em local escuro.

Esse crescimento acontece numa estrutura plástica moldada, que pode ser customizada a pedido do cliente. Portanto,  não se gasta energia modelando os produtos: ele já “cresce” na forma correta. Uma vez pronta, cada peça é aquecida para cessar o crescimento do fungo.


Actualmente, McIntyre  e Bayer trabalham com a National Science Foundation para reduzir ainda mais os impactos ambientais dos produtos. Eles desenvolvem um novo método para esterilizar o material agrícola inicial, uma etapa necessária para eliminar os esporos que possam competir com os dos cogumelos mycelia. Atualmente, a esterilização é feita com vapores, mas óleos de produtos como canela e orégano podem ser utilizados na etapa.

Se bem sucedidos na melhor do processo de esterilização, a energia necessária para a fabricação das embalagens será apenas 1/40 da necessária para produzir espumas de polímeros convencionais.

As embalagens, chamadas EcoCradl, podem ser encomendadas no site da empresa – que também desenvolve outros produtos com o Mycobond, como isolamento térmico para casas.

sábado, 14 de agosto de 2010

Mais 16 centrais a fazer energia eléctrica do lixo

in DN, por LUÍS MANETA, Évora08 Agosto 2010

Plano do Governo é reforçar em 40% a produção de energia por esta via até 2012.

Portugal vai ter mais 16 centrais de produção de electricidade a partir dos lixos, apurou o DN junto do Ministério do Ambiente. As novas centrais entrarão gradualmente em funcionamento nos próximos dois anos e juntam-se às nove já existentes, prevendo-se que venham assegurar uma produção energética superior a 140 mil megawtts (Mw) por ano.

Trata-se de aumentar em 40% a produção concentrada no universo empresarial do Estado (350 mil Mw), que em 2009 evitou a importação de 207 mil barris de petróleo e poupou a emissão de 268 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2).

Mais 16 centrais a fazer energia eléctrica do lixo

Das 16 novas centrais, nove irão produzir electricidade através de biogás de aterro e as restantes sete da valorização orgânica dos resíduos. Entre estas inclui-se a da Valnor, em Avis, cujo investimento de 7,5 milhões de euros agora iniciado deverá estar concluído em 2012, permitindo produzir 2750 Mw por ano através de digestão anaeróbia, processo biológico no qual a matéria orgânica é transformada em biogás que pode ser usado na produção de energia eléctrica e térmica.

A valorização energética dos resíduos começou em 2001 na Valorsul, em Loures, cuja central produziu, em 2009, 293 837 Mw (cerca de 80% do total nacional). Se a estes se somarem as unidades que estão fora da alçada do Ministério do Ambiente, a produção de energia a partir dos lixos garantirá as necessidades de 3% do sector doméstico, ou seja, 168 mil famílias, evitando a importação anual de 311 mil barris de petróleo.
A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, diz que o Governo está "muito virado" para estes projectos, que têm a dupla vertente de conciliar a gestão ambiental e a criação de mais-valias energéticas. "Se tratássemos os resíduos da forma tradicional, só em aterro, estávamos a resolver uma parte do problema. Assim, o biogás que resulta da degradação dos resíduos é aproveitado e esta é a aposta certa, seguida nos países com políticas consistentes em matéria de ambiente".

Uma vez concluídos os projectos, Portugal será dos países europeus "com maior adesão a este tipo de solução", diz Rui Berkemeier, da Quercus, acrescentando que ficará instalada uma capacidade de tratamento mecânico e biológico para cerca de 1,5 milhões de toneladas de lixo. "Como o País produz à volta de cinco milhões de toneladas, ainda há uma margem bastante grande para se instalarem mais unidades".
Rui Berkemeier acrescenta que em regiões como o Oeste, Gaia ou Santa Maria da Feira, as unidades projectadas são "muito pequenas", sendo necessários novos investimentos em Lisboa e Porto, para "compensar" o período de paragem dos respectivos incineradores. "A produção de biogás é só uma das vantagens deste sistema, que permite ainda recuperar grandes quantidades de materiais recicláveis, sobretudo plástico, e produzir um composto de qualidade média para a agricultura".

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

China desenvolve autocarro que “sobrevoa” engarrafamentos

in Ciência Hoje, 2010-08-06.

China desenvolve autocarro que “sobrevoa” engarrafamentos

Tecnologia futurista prevê ser solução para o trânsito e será amiga do ambiente

Para reduzir os engarrafamentos na estrada, a China decidiu desenvolver um novo tipo de transporte público – o 'Straddling bus' – e já poderá estar a circular em Pequim no final deste ano. A capital chinesa já se encontra em preparativos para receber o autocarro futurista e, para isso, várias linhas de carris já foram instaladas nas estradas para testá-lo.

O número de automobilistas explode a cada ano e mais de dez milhões de carros particulares foram vendidos em 2009 – tornando este país no maior mercado automobilista do planeta. Contudo, existe uma enorme consequência: os engarrafamentos acumulam-se nas maiores cidades, que apesar do desenvolvimento do metro, não se conseguem adaptar com rapidez.


A empresa chinesa Shenzhen Hashi Future Parking Equipment Co decidiu responder a este problema, promovendo maior fluidez no trânsito com a criação deste inédito autocarro, já apresentado na Expo Internacional de «High-Tech», em Pequim. O meio de transporte, semelhante a um gigante eléctrico, anda sobre carris que enquadram a estrada e está dois metros elevado sobre os veículos que passam debaixo, como se este funcionasse como um túnel. Desta forma, o autocarro não bloqueará a circulação.

As estações também serão construídas em altura, já que o 'Straddling bus' terá 4,5 metros. Poderá circular a 60 quilómetros por hora e transportar entre 1200 e 1400 passageiros de uma só vez. Estima-se que possa contribuir para a redução de engarrafamentos até 30 por cento e será amigo do ambiente – foi concebido para funcionar a energia solar.