quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Projecto português na área da Educação apresentado como exemplo em Nova Iorque

Insucesso escolar
Projecto português na área da Educação apresentado como exemplo em Nova Iorque
Lusa/SOL, 2009-09-24

O projecto português Mediadores para o Sucesso Escolar, que permitiu aumentar em 14 pontos percentuais o sucesso escolar de alunos do ensino básico, é hoje apresentado como um case-study na conferência Clinton Global Initiative, em Nova Iorque.

A iniciativa, da Associação EPIS - Empresários Pela Inclusão Social, analisou no ano lectivo 2007/2008 cerca de 20 mil alunos dos 7º e 8º anos de escolaridade de 88 escolas de 10 concelhos parceiros, seleccionando depois cerca de seis mil em risco de reprovação, que foram apoiados por uma equipa de 70 mediadores.

«No primeiro período do ano lectivo 2007/08, mais de 80 por cento destes alunos tinham três ou mais negativas, portanto em situação de reprovação. Ano e meio depois, a taxa de sucesso escolar deste grupo de seis mil estudantes passou de 63 por cento para 77 por cento», resumiu à Agência Lusa o director-geral da EPIS.

Segundo Diogo Simões Pereira, os mediadores trabalham fundamentalmente na escola, realizando com os alunos sessões de 30 ou 60 minutos, durante os intervalos e antes e depois das actividades lectivas.

«Os primeiros temas a abordar nas sessões prendem-se com o estabelecer de uma relação de confiança. Abordam-se os problemas, as ansiedades, os comportamentos em relação à vida. Nestas idades, os alunos têm normalmente muitas questões existenciais, dificuldades na gestão das críticas. É uma dimensão bastante comportamental», explicou o responsável.

Por outro lado, acrescentou, em parceria com as famílias, os mediadores ajudam na criação de rotinas de organização do tempo dos alunos: de higiene, de descanso, de estudo, de pausa, por exemplo, mas sempre a focar o desempenho escolar.

Outro tema trabalhado é o da metodologia de estudo. Os mediadores ajudam na selecção das matérias, na preparação para os testes e na gestão das ansiedades antes e depois das provas.

«É um trabalho muito grande de enquadramento, em ligação directa com a escola, directores de turma e família, quando necessário. Trata-se fundamentalmente de uma metodologia de ajuda e de capacitação. Depois verificamos se há mudança de atitude e se essa mudança se reflecte nas notas do aluno», resumiu o director-geral da associação.

Depois da «qualidade» dos resultados alcançados ao fim de um ano e meio, a EPIS já abordou novos concelhos para o alargamento do projecto, em parceria com as autarquias e Ministério da Educação: «O desafio fundamental é massificar este tipo de metodologias e aplicá-las num projecto-piloto maior».

«Se funciona com seis mil alunos pode funcionar com muitos mais», afirmou.

Este projecto será divulgado hoje durante a V edição da Clinton Global Initiative, uma conferência que decorre em Nova Iorque de 22 a 25 de Setembro.

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