Os beneficiários do microcrédito ligados à Associação Nacional de Direito ao Crédito viram aprovados 1.433 projetos em um pouco mais de onze anos, representando cerca de 7,7 milhões de euros. Estes projetos geraram 1.812 postos de trabalho, dos quais 172 ao longo de 2010, revelou esta semana a instituição.
O presidente da ANDC, Moahmed Ahmed, referiu à Lusa que mais de metade dos empreendedores que recorrem ao microcrédito são mulheres (52,7 por cento) e que o empreendedor tipo é o beneficiário "excluído social e financeiramente", mas cuja capacidade para criar o seu emprego surge devido a diversas circunstâncias impostas pela vida, entre outras, pertence a minorias étnicas, é imigrante ou perdeu o seu emprego.
"O espírito de luta, sacrifício e capacidade de adaptação" são algumas das características destes empreendedores que recorrem ao microcrédito, destacou.
No total dos processos, desde 1999, ano em que a ANDC foi criada, até janeiro de 2011, Lisboa lidera com 38,7 por cento das aprovações, seguida do Norte (24 por cento), Centro (21 por cento), Alentejo (10,4 por cento) e do Algarve com 6 por cento.
As pessoas que recorrem ao microcrédito têm de ter uma "ideia viável" para constituírem o seu negócio ou a sua microempresa, mas normalmente "não possuem o capital para concretizarem o seu desejo", nem a banca universal, ou de retalho, em Portugal, lhes concede crédito por não apresentarem "os requisitos mínimos exigidos", explicou à Lusa fonte do setor.
No período em análise, o valor médio dos projetos creditados, de acordo com a ANDC, cifrou-se em 8.222,33 euros, um montante superior ao registado em termos históricos, que se situa em 5.385,6 euros.
Comércio lidera projetos
Os beneficiários apostam sobretudo em atividades como o comércio por grosso e a retalho (37,3 por cento), seguida dos serviços na área do alojamento, restauração e similares (13,3 por cento) e das indústrias transformadoras (10,8 por cento), além de outras como as atividades ligadas construção (5 por cento), informação e comunicação (2,5 por cento) e à agricultura e produção animal (3,4 por cento).
A Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) é uma associação privada sem fins lucrativos, fundada em 1998 por um conjunto de pessoas que depois de aprofundada reflexão concluíram que, também, em Portugal se justificava e era desejável que se viesse a promover o desenvolvimento da experiência do Grameen Bank, criado por Muhamad Yunus no Bangladesh (1976).
A ANDC apoia quem não tem acesso ao crédito bancário nas condições normais de mercado e precisa de um empréstimo para criar o seu próprio negócio.
Saiba mais sobre o microcrédito aqui: http://www.microcredito.com.pt/
Boas Notícias