segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Lei do tabaco provocou redução de 5% de fumadores

Mas um em cada quatro portugueses ainda morre prematuramente, em parte devido ao tabaco.

Publicado in JN, em 2011-12-30

Quatro anos após a entrada em vigor da legislação que veio proibir o fumo na maioria dos espaços públicos fechados, as notícias, para a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, são animadoras: há menos fumadores em Portugal.

"O facto de não se poder fumar em qualquer lado levou a uma redução de cinco por cento dos fumadores", lembrou o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Carlos Robalo Cordeiro, referindo-se a um estudo nacional que indica que a lei do tabaco levou a que 5,1 por cento(%) dos fumadores deixassem de fumar e 22,3% diminuisse o consumo.

O estudo sobre o impacto da legislação coordenado pela Direção Geral de Saúde - o Infotabaco - detetou ainda uma "diminuição muito significativa do tabagismo passivo, que diminuiu 20 por cento".

A mudança de hábitos já começa a refletir-se timidamente na saúde dos portugueses: "em 2009 diminuiu o número de internamentos por doenças cardiovasculares e os episódios de internamento por Doença Pulmonar Obstrutiva mostram uma tendência de diminuição", lembrou o presidente da SPP.

De acordo com o Infotabaco, os episódios de internamento por doença isquémica cardíaca "diminuíram pela primeira vez em 16 anos".

Apesar das notícias, o diretor-geral de Saúde, Francisco George, considerou que ainda há muito por fazer: "Temos de ser todos mais exigentes com a prevenção e controlo do tabagismo", disse o responsável, defendendo que "não faz sentido que aqueles que não fumam fumem os cigarros dos outros em espaços fechados".

Entre 2005 e 2010, Portugal passou a ser o país europeu com maior diminuição de prevalência de fumadores passivos no local de trabalho (cerca de 20%), estando agora na 6.ª posição na Europa a 27.

No entanto, o último estudo nacional alerta precisamente para o facto de os espaços criados especificamente para os fumadores (como por exemplo em centros comerciais ou locais de trabalho) serem "locais inóspitos, com extração deficiente que faz com que se contamine o ar circundante".

Nestes quatro anos os inspetores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) registaram 830 casos em que os espaços para fumadores não cumpriam os requisitos necessários.

Francisco George lembrou que o tabagismo ainda é a principal causa de morte prematura em Portugal, que atinge os 24,3 por cento da população: "Um em cada quatro portugueses não atinge os 70 anos de idade, em grande parte devido ao tabagismo".

No período de vigência da lei do tabaco, apenas 38,3% dos fumadores admitiu ter alterado os seus hábitos tabágicos, mas depois 64% dos inquiridos disse ter deixado de fumar quando está ao pé de filhos, crianças ou mulheres grávidas. Mais de um quarto dos fumadores (27,2%) deixou de fumar dentro de casa e um quinto (19,9%) não voltou a acender um cigarro no carro, refere o Infotabaco.