quarta-feira, 6 de maio de 2020

Quase 1 milhão de toneladas de CO2 de redução de emissões na produção de eletricidade nos últimos 2 meses



Não se queima carvão em Portugal para produção de eletricidade há 52 dias seguidos nas centrais de Sines e Pego; a central de Sines está parada há 100 dias.

Naquilo que constitui um recorde, nos últimos 52 dias (desde 14 de março, inclusive) não se usou carvão em Portugal para produção de eletricidade. Nenhuma das duas centrais térmicas de Sines e Pego esteve a funcionar, sendo que a central de Sines já não produz energia elétrica desde há 100 dias (desde 26 de janeiro, inclusive). Tal conduziu a uma redução inédita e sem precedentes das emissões de gases com efeito de estufa em Portugal. Recorrendo aos dados das Redes Energéticas Nacionais (REN) relativos aos meses de março e abril de 2020 e à comparação com o período homólogo de 2019, a ZERO calcula um decréscimo de emissões de quase um milhão de toneladas de toneladas de dióxido de carbono, mais precisamente 960 mil toneladas (370 mil toneladas para o total de março e 590 mil toneladas para o total de abril).

Nestes dois últimos meses verificou-se também um aumento de 14,5% de fontes renováveis na produção de eletricidade em comparação com o período homólogo de 2019, passando de 62,6% para 77,1%. Deve ainda considerar-se como relevante a quebra no consumo de eletricidade que atingiu 12% comparando o mês de abril de 2020 com o mês de abril de 2019.

Neste quadro, a ZERO estima que as emissões médias diárias de CO2 associadas à produção nacional de eletricidade tenham recuado de 28 mil toneladas por dia no total dos meses de março e abril de 2019 para 12 mil toneladas por dia no total dos mesmos meses este ano.

A ZERO aproveita para contextualizar que a pandemia de covid-19 não tem uma relação direta com estes resultados, exceto por exemplo na redução do consumo de eletricidade mais significativo em abril de 2020. Tal deve-se acima de tudo a uma consequência dos preços de mercado do carvão, dos custos associados às emissões (quer via o preço das licenças de emissão de carbono à escala europeia, quer da taxa de carbono e do imposto sobre os produtos petrolíferos à escala nacional), e da competitividade e disponibilidade de outras alternativas, em particular da eletricidade de fontes renováveis, mas também das centrais a gás natural que apresentam uma maior eficiência comparativamente às centrais a carvão.

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