Estudo publicado na Science
Quando em 2006 se conseguiu transformar células adultas em células comparáveis às estaminais, capazes de se diferenciar em qualquer tipo de tecido, deu-se uma viragem nesta área de investigação. As chamadas células IPS (pluripotentes estaminais induzidas) eram originalmente “forçadas” a este processo através de um vírus com genes adicionados para desencadear a transformação. O problema era que o ADN do vírus incorporava-se para sempre no das células, o que poderia provocar uma alteração tal no seu metabolismo que em alguns casos desenvolvia-se um cancro.
Desta vez, a equipa de James Thomson, que produziu pela primeira vez em 2007 as células IPS humanas, deu um passo à frente utilizando pequenos pedaços de ADN circular chamado plasmídeos para fabricar as IPS. Estes plasmídios já não pervertem o ADN destas células, aumentando o potencial para serem utilizadas na medicina regenerativa sem os problemas éticos que envolvem as células estaminais embrionárias. A descoberta foi publicada on-line na “Science”.
“Acreditamos que esta seja a primeira vez que células IPS criadas estejam completamente livres de sequências transgénicas”, disse Thomson em comunicado, referindo-se ao ADN alienígena do vírus que antes ficava inserido no genoma da célula. Os plasmídeos levam os genes necessários à transformação, "mas não se integram no ADN da célula hospedeira, simplesmente flutuam à volta no interior da célula”, disse o investigador da Universidade de Madison no Wisconsin, EUA.
A investigação foi feita em fibroblastos da pele, células que produzem substâncias que garantem a coesão entre os tecidos. Os plasmídeos inseridos nos fibroblastos levam genes que revertem o metabolismo e as modificações no genoma, tornando a célula semelhante a um estado embrionário e pronta para ser uma dos 220 tipos de células diferente que o corpo humano tem.
Apesar dos plasmídeos se replicarem dentro das células, vão-se tornando menos capazes de o fazer, até que os cientistas podem escolher células IPS sem plasmídeos. “Assim que eles terminam o seu trabalho, não são mais necessários”, sublinha Thomson.
Outras equipas já tinham conseguido retirar grande parte dos genes que os vírus introduziam no ADN das células ou utilizaram técnicas semelhantes a esta, mas em ratinhos. “Vai ser crucial determinar qual dos métodos produz de uma forma mais consistente células IPS com as menores anomalias genéticas. Qualquer problema vai ter impacto na investigação, no desenvolvimento de fármacos e possivelmente em terapias de transplante”, concluiu o cientista.
Fonte: Público