Gulbenkian espera que portugueses respondam
Destina-se às famílias mais atingidas pela crise, às que ficaram sem trabalho ou perderam os pequenos negócios que lhes garantiam a subsistência, às que não são abrangidas pelos apoios sociais, como o subsídio de desemprego, o complemento solidário para idosos ou o rendimento social de inserção. A campanha País Solidário foi apresentada em Lisboa pelo presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Emílio Rui Vilar. Um milhão de euros já angariados deverão começar a ser distribuídos na próxima semana.
A verba destinada a arrancar a campanha foi doada pela Gulbenkian, fundações EDP e Millenium BCP e pelos bancos BPI e Caixa Geral de Depósitos. Ontem, Rui Vilar deixou o repto à sociedade civil: “Que ajude a multiplicar este milhão”, seja “com um euro ou com milhares de euros.”
Para isso, foi criada uma conta bancária (com o NIB 0035 0001 0004 4000 93062), um número de telefone (760 307 307) e em breve estará disponível o site www.paissolidario.org. O que se pretende é dar uma resposta de emergência a pessoas que deixaram de conseguir fazer face a despesas como as propinas das escolas dos filhos.
“Mesmo que alguém não visse os telejornais bastaria andar na rua e nos transportes públicos para sentir o clima de incerteza e de preocupação que se vive”, diz Rui Vilar. Não é que o Estado não tenha medidas de protecção social, “mas há situações que não estão abrangidas nem pelo subsídio de desemprego nem por outros apoios e é nessas áreas, nessas franjas que é necessário agir.” E “a responsabilidade não pode ser só do Estado.”
Luísa Vale, do Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano, explica que o ponto de partida foi pedir ao Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, em Lisboa, que analisasse em que zonas do país há maior peso de famílias nas quais todos os elementos em idade activa estão sem trabalho. Com base nos dados decidiu-se que, numa fase inicial, o dinheiro recolhido no âmbito da campanha deverá ser utilizado para apoiar pessoas de 32 concelhos de quatro zonas: Grande Porto, vales do Ave e do Tâmega e península de Setúbal.
O fundo será gerido pelo Gulbenkian, mas canalizado para três instituições (Cáritas, Cruz Vermelha e os três bancos alimentares abrangidos por aqueles municípios). Afinal, diz Vilar, são estas instituições que “estão no terreno” e sabem como analisar os pedidos que lhes chegam bem como acompanhar os processos. “Queremos que cada euro doado seja um euro que vai para as pessoas.”
Preferencialmente, o dinheiro entregue às famílias será para pagar mensalidades de lares, creches ou instituições para deficientes.
Contudo, a Cáritas e a Cruz Vermelha têm liberdade de atender a outras situações. O pagamento de propinas também faz parte das “áreas críticas”. A ideia é que as instituições de ensino se comprometam com o seguinte: perdoam 50 por cento do que as famílias que vierem a ser abrangidas pela campanha lhes devem e recebem a outra metade. “Entre zero ou 50 por cento é melhor 50 por cento. Houve um contacto prévio e há instituições disponíveis”, diz Vilar.
Fonte: Público
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